Wednesday, July 1, 2009

O Barato da Feira

Quando era pequena, uma das minhas tarefas em casa era acompanhar minha mãe à feira toda semana. Minha função era empurrar o carrinho e arrumar os alimentos para que coubesse tudo que ia ser comprado. Nossa, me sentia importante rodando as barracas para conferir a consistência das frutas! Imitava mamãe.

Ganhava um monte de presentes dos feirantes para experimentar as coisas - De lascas de queijos a rodelas de abacaxi, comia tudo que me ofereciam por lá. De quebra no término das compras meu presente era liquido e certo o pastel acompanhado do caldo de cana - Carne, queijo, palmito, pizza – era serviço duro escolher. Deu água na boca aqui, só de lembrar.

O bicho pega mesmo é na hora da xepa, termo usado para designar o horário do fim da feira, quando os produtos passam por uma queima de estoque.
No começo da feira, logo de manhã, os produtos estão fresquinhos e bonitos, então tem o preço normal de mercado, mas no fim os produtos já mais estão menos escolhidos, por isso ficam mais barato. Então era (e ainda é) nesse horário que a mamãe deixava o preparo do almoço rapidinho para aproveitar as ofertas do fim da feira, que acontece entre meio dia e duas da tarde.

Hoje quando entro numa feira é como se abrisse um atalho para o passado, o primeiro sentido que grita é o olfato.
O ambiente é dominado por aromas cítricos, doces, fortes, suaves que se misturam num degrade característico de uma das mais fortes tradições culturais da humanidade: o mercado – atendido aqui pelo nome de Feira Livre.

Entretanto, devo confessar que faço um esforço inútil para fazer vista grossa para a desorganização, sujeira que fazem alguns dos feirantes, mas reconheço a grande contribuição que nos dão (mesmo sem terem essa consciência) pela preservação de hábitos relacionados com os nossos costumes de antigamente.
Na feira aprendi também as manhas do mercado ao ar livre.

O fato é que nas feiras sempre se pode ver coisas incríveis, que nem sempre é lugar-comum, bregas ou caricatas, onde a monotonia, com certeza, não vigora.
Sempre que passo por uma feira livre peço aos anjos que ela nunca morra, e leve os restos mortais das minhas lembranças que se perdem na estrada da modernidade.

Bom, vamos a ela então.
Escolha uma roupa e calçado bem confortável e prepare-se para a caminhada.
Além das ofertas, das frutas, legumes e verduras da estação, o passeio é ótima oportunidade para garimpar preciosidades para a sua casa.
Não tenha pressa nas negociações, nunca se sabe o que há de interessante na barraca adiante, além disso, de uma venda para a outra, o preço e a qualidade podem ser diferentes.
Olho clinico e pechincha garantem bons e baratos achados.


Lembram dos caixotes
O barulho das panelas batendo é marca conhecida numa feira livre, pelo menos em São Paulo.
A barraca que conserta panelas fica em cima de um caminhão. Quem passa, olha; e quem precisa, pára. Ele fura, raspa, parafusa, martela. E faz qualquer tipo de conserto.
Meses atrás, levei uma leiteira super bacana que era da minha avó porque sempre que precisava ferver uma água, pegar um leite, a bicha escorregava querendo cair o cabo. Ficou novinha!
Conversando com o Sr do caminhão, soube uma das coisas que dá mais reposição(até os dias de hoje)é o cabo do caneco,bules e panelas morri de rir.

Sabem as barracas que ficam ao lado do caminhão que conserta panelas?
Pois então, a feira tem lá sua logística, na mesma calçada você encontra também a barraca que vende miudezas; ralos para a pia da cozinha, bico de borracha para torneiras e mangueiras, ralador de legumes, abridores em geral, e até aquelas marmitas de alumínio que podem virar charmosas caixas para guardar coisas miúdas nas gavetas da cozinha ou do banheiro.

- Balde para roupas de alumínio também vira (cachepo) para vasos ou flores, alem disso as opções para os de plásticos são maiores do que nos supermercados, por exemplo.
- Outros atrativos das feiras são os modelos de vassouras que não costumamos ver nas prateleiras dos supermercados.
Sacolas Coloridas para vários tipos de usos. Dá para escolher mesmo.

Eu já fiz as minhas R$ 7,00 cada


Na hora da baciada, a sacola pode ser a sua melhor amiga. Na feira há uma infinidade de sacolas descoladas, feito essas que a gente vê nas revistas de moda, muito usadas no verão para uso diário.

A feira é especialmente indicada também para comprar:
- Peixe fresco - filé de pescada branca e sardinha são imperdíveis na feira e absolutamente irresistíveis! Mais perto do final da feira é praxe os preços abaixarem bastante.
- Pimenta moída na hora, couve picadinha;
- Ervas seca e especiarias (cominho, noz moscada, colorantes, anis, cravo, canela etc).
- Ervas frescas de todos os tipos; pimenta de cheiro, ervas aromáticas para banhos e chá, bucha natural etc.
- Coco ralado na hora – só encontro nas feiras.

É um ótimo lugar também para lambiscar frutas, conhecer as verduras, legumes, frutas da estação, lembrar do passado – e conhecer mais sobre frutas e legumes.
Na feira você aprende na prática com a degustação sobre vitaminas de tudo.

Diversão garantida e adeus dieta!
Somente nas feiras você consegue montar seu próprio pacote de biscoitos e petiscos com sabor caseiros favoritos – Um luxo!

Antes de reescrever este post, passei na feira aqui perto de casa para ver se ainda continua a mesma.

Caminhando por entre as barracas me surpreendi ao ver que os feirantes continuam mimando seus fregueses com degustação de frutas, slogans bem humorados para vender seus produtos e com as velhas dicas para lá de preciosas.
Tudo em nome de uma clientela fiel e mal acostumada.

Ah, ir à feira e não comer pastel? Nem caldo de cana? Você só pode estar brincando.

Opa! já ia me esquecendo, - Que tal aproveitar e levar flores frescas para casa?!
É Bom Feng Shui!
Boa Feira!