Monday, August 24, 2009

Abrindo os baús


Passei este final semana na casa da mamãe porque queria um momento de descanso de tudo. Estou me dando essa semana de presente.
Casa em obras e com chuva, gastos, encheção de saco... Resolvi passar o final de semana inteirinho na casa da mamãe, só nos duas. Sem internet, conversando muito, curtindo a chuva batendo no telhado. Choveu muito.


O barulho insistente da chuva me levou ao encontro de alguns momentos nostálgicos, de um tempo que ficou para trás e não muito distante dali da casa atual dela.
Entre fotografias e aromas senti saudades, sim, saudades dessa fase tão linda e ingênua que foi minha infância.


A mamãe mora na frente de uma praça aonde ainda sobrevivem arvores centenárias e frondosas como essa figueira, e justamente assim, olhando para a praça, para os bancos vazios, me embriago com os barulhos de seu entorno, enquanto a chuva caia, num dia de muito frio.
Sorrio e decido, sim, ir ao encontro de alguns momentos nostálgicos.
Fecho meus olhos e deixo as lembranças chegarem devagarzinho...
Uma por uma...
Penso que são memórias guardadas em caixinhas, bem recolhidas das nossas vidas, assim, meio como mágicas, por vezes gritam para que as visitemos.


Os Sons de Ontem...
O doce som dos balanços da pracinha de brinquedos, das gangorras, estes são, sem dúvida, lugares perdidos e reencontrados no tempo, onde descobri a arte de sonhar...
Som da vassoura batendo nos tapetes,
O cheiro da cera, que, para mim, lembra dia da faxina, quando o assoalho brilhava como espelho toda sexta-feira.
De ovos batidos com o garfo numa tigela,
Os aromas, esses são lindos, sim, são tão tocantes, que me sinto adentrando aos meus poucos mais de nove anos.
O cheiro do pão no forno... Do feijão na panela...
A mesa sendo arrumada para o lanche da tarde, que alegria, quantas tardes dessas ainda guardo em minhas memórias...
Da espuma de sabão quando espreme a roupa molhada
O lento tique-taque do enorme relógio na parede da sala
O ruído do gelo sendo quebrado na cozinha
Da rua vinha aquele ploque-ploque do cavalo do quitandeiro ou do peixeiro
E o tinir da sua sineta
Da buzina do vendedor de pipoca, sorvete e algodão doce caminhando pela calçada.
O lento tique-taque do enorme relógio na parede da sala
As palavras vão formando esse texto, que não releio para saber se tem sentido, apenas escrevo e escrevo na busca de um tic tac
Sons confortadores – como melodia de fundo para as crianças brincar e sonhar.
As casas já não soam como antigamente.

No vinil simples e retro

Uma toalhinha de renda

Sempre haverá uma música antiga ou um aroma de perfume que nos transportará para um tempo, não muito distante, onde éramos simplesmente crianças.
Por Yvone