Tuesday, October 20, 2009

Como enfrentar uma obra sem arruinar seu casamento

Quem já construiu ou reformou sabe bem do que estou falando. Por experiência própria e de outros, as histórias mostram que desavenças entre casais durante esses momentos são mais comuns do que imaginamos.
Conversar, barganhar e ceder é fundamental para que a união não termine em escombros.

Começa assim:
- O pedreiro tinha um amigo vidraceiro, que conhecia um excelente pintor, que por sua vez era irmão de um serralheiro, e por ai vai.
Infelizmente essa é a forma escolhida pela grande maioria das pessoas, quando começam a montar seu exercito de profissionais para reformar sua casa.

O mesmo também acontece quando se trata de uma construção, que implica ainda mais em maiores gastos e cuidados que nem sempre levamos em consideração.

Se não houver um bom planejamento, responsabilidade e bastante entendimento, a obra vira uma guerra que, no final, acaba arruinando a sua saúde e pode até demolir seu casamento.

Um dia enquanto construía a minha casa na serra (projeto para uma pequena pousada), a arquiteta insistia em instalar a bancada da cozinha na altura que ela julgava adequada.
- Mas dona fulana, não quero nessa altura tão alta.

Num outro momento, depois de negociar horas com a sua equipe, eu ouvia as criticas do meu marido. Ele questionava minha capacidade de gerenciar a obra e o clima da construção era um cenário de novela mexicana.

Os orçamentos extrapolaram a previsão inicial, os prazos não eram cumpridos e eu e meu marido discutíamos por tudo.
Até que chegou o dia que ele tomou partido da arquiteta na frente dos peões e eu disse que só voltava ali no dia em que a obra terminasse! O caos se instalou.

Ao reformar uma casa, o estresse de querer ver tudo pronto de saber se todos vão gostar do resultado faz com que haja ansiedade e raiva. Quem paga por isso são as pessoas que estão próximas, como os filhos e o companheiro (a).

“Para quem está querendo se divorciar, arrumar uma obra já é um ótimo começo."
Já acompanhei diversas reformas e cheguei à conclusão de que essas crises acontecem porque geralmente o homem está mais preso aos custos e a mulher tem o foco de atenção voltado aos resultados estéticos. - Mas é a senhora por acaso quem vai cozinhar? Ainda tive que engolir essa. Fafavô!

Difícil conter a irritação de um marido que se sente gastando uma fábula, enquanto a mulher só parece preocupada com a cor da parede.

Em grande parte das reuniões com os casais, noto que o homem inicialmente deixa claro que será a mulher quem ditará as regras da obra – para, num segundo momento, tomar ele as rédeas.
A estratégia masculina é começar com cavalheirismo, continuar com palpite aqui e acolá e acabar conduzindo a obra.

Por isso, quando contratar um arquiteto preste bem atenção se o profissional é experiente e veste a camisa de psicólogo também (risos) - Tô falando a mais pura verdade.

Recentemente, conversando com uma amiga que é psicanalista sobre porque acontece esse tipo de conflito ela disse que a nossa primeira casa é o útero materno. De acordo com ela (os estudos), o espaço arquitetônico reflete o inconsciente, o mundo interno de cada um. Diz ainda que algumas brigas durante as construções e reformas são reveladoras de um estado emocional pouco adulto.
“As dificuldades em fazer uma obra a dois muitas vezes está ligada à dificuldade de renunciar a uma posição narcisista e infantil”, teoriza.

Eu já acho que às vezes as pessoas buscam arrumar a casa, mas querem mesmo é mexer nelas mesmas.

Já vi casais brigarem em uma loja comprando interruptores na frente dos vendedores.
A mulher ficou tão nervosa que largou o marido e o vendedor falando sozinhos.
O segredo me parece ser saber ceder sem se anular ou anular o outro.
Ai vão algumas dicas
- Antes de começar, converse e veja o quanto cada pessoa da família está disponível, quando tempo e esforço podem ceder para a obra - Gosto muito do jeito que observo a obra da Leila Casa da Bruxinha, do marido, da Francine... Parecem tão unidos e envolvidos...
Tem o exemplo também da Izabel Casa de Juntados, eita maridão que faz de tudo viu!
- Nessa hora também é bom decidir se todos estão dispostos a continuar na casa durante a reforma ou se seria melhor alugar um espaço provisório.
Fiquei muito arrependida de não ter saído do meu apartamento (pela ocasião da reforma); o pessoal falta muito, tudo atrasa e você ali vivendo no meio do caos, da falta de privacidade em meio a sugeirada...

- Cada pessoa deve decidir como quer seu espaço, o quarto, o escritório por exemplo.
- Procure arquitetos que estejam empenhados em ajudar a família a lidar com o stress emocional da reforma ou construção.
- Estabeleça os deveres de cada um e divida as tarefas. O importante é que todos se envolvam com a construção (nos melhores e nos piores momentos dela).
-Faça reuniões para compartilhar as tensões da reforma e negociar as mudanças imaginadas.
- Engenheiros e Arquitetos – Previnam-se;
Antes de contratar esses profissionais, consulte o CREA para averiguar os serviços já prestados pelo profissional e se não há reclamações registradas ali. Essa pesquisa é simples, rápida e evita uma série de dores de cabeça pelo caminho.
- Façam um contrato por escrito com os profissionais e deixe claro no documento todas as responsabilidades do engenheiro ou do arquiteto e também quem são os outros empregados. Sem esse documento fica praticamente impossível provar erros do responsável.
Reclamar pode, mas processar sem documento...

- Elaborem um cronograma com datas e gastos previstos para cada fase (fundação, estrutura, hidráulica e elétrica).
- Memorial descritivo, relacionando todos os trabalhos que serão feitos e os materiais a serem usados, desde a fundação até o telhado.
- Mantenha um diário da obra que documente todo o andamento dos serviços.
Fotos – Fotografe tudo desde o inicio, as fotos comprovam quanto da obra foi realizado.
- Guardem todas as notas (lá terá especificações de todos os materiais, cores de tintas especiais...), sem contar que vai saber tim tim por tim tim o que relamente gastou.

Importante:
Se o casamento já está em crise, não comece uma obra. Conserte o relacionamento e depois a casa.